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história cristã











EDIÇÃO 49 > ESPECIAL

Jornalismo evangélico nasce no Brasil no século 19 e produz uma história repleta de frutos

Por uma boa notícia

Renata Oliveira


A dinâmica do jornalismo impresso, tal qual a conhecemos, deu seus primeiros passos no século 18. O papel social do jornalismo é fornecer ao cidadão uma informação que lhe permita participar dos processos da sociedade em que vive. Sua matéria-prima é a notícia, aquele dado capaz de revelar, denunciar, orientar e até educar. Partindo desse princípio, é possível encontrar uma relação muito próxima dessa ferramenta com a própria vida da Igreja, afinal, Evangelho quer dizer boa notícia.
Desde seu estabelecimento, a Igreja, por meio de seus membros, vem buscando maneiras de comunicar a mensagem deixada por Cristo e orientar seu rebanho. O púlpito é o maior símbolo dessa ação, da qual também fazem parte a arte e o ensino. Nesse processo, dois imperativos se colocaram diante da Igreja: a contextualização da mensagem em um mundo que assiste à acelerada multiplicação da ciência e a criação de meios para levar esta mensagem a quem não vai buscá-la nos templos. Pode-se dizer que o jornalismo é uma das ferramentas encontradas para suprir tal demanda.
No Brasil, a atividade do jornalismo evangélico impresso teve início em 1864. Nesse ano, o presbiteriano Ashbel Green Simonton fundou o Imprensa Evangélica, primeiro jornal evangélico do Brasil, de caráter evangelístico. A tendência de jornais fundados pelos missionários que lideravam as denominações presentes no país nessa época ainda seria seguida nas décadas posteriores. No dia 1º de janeiro de 1886, o missionário J. J. Ranson fundou o jornal Expositor Cristão, até hoje órgão oficial da Igreja Metodista.
Em 10 de janeiro de 1901 começava a circular o Jornal Batista, dirigido por William Edwin Entz­minger. Ele foi o resultado da fusão dos já existentes Echos da Verdade (1886), fundado por Zacarias Taylor, e As Boas Novas (1894), por Salomão Luiz Ginsburg.
O jornal Mensageiro da Paz, de propriedade da Igreja Assembléia de Deus do Brasil, iniciou suas atividades em 1930, a partir da união dos periódicos Boa Semente (1919) e Som Alegre (1929), ambos fundados por Gunnar Vingren, que assumiu o novo jornal. Em 1958, foi fundado
o Brasil Presbiteriano, uma junção dos jornais O Norte Evangélico (1909) e
O Puritano (1889).

Conteúdo direcionado
Embora o objetivo de evangelizar tenha dado o pontapé inicial nas atividades jornalísticas, o que prevaleceu foi uma posição institucional. “O Expositor Cristão, quanto ao aspecto teológico, sendo um órgão oficial da Igreja Metodista, tem sua vinculação aos documentos que norteiam a doutrina e as práticas dessa denominação”, explica o atual editor, Marcio Oliverio. O jornal, que é mensal, publica reportagens sobre instituições metodistas e organizações parceiras como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). As pautas vêm do conselho editorial, das cartas e e-mails que chegam à redação e da pesquisa em canais alternativos como comunidades metodistas no Orkut. Elas abordam assuntos ligados à família, saúde, reflexão, caminhada da Igreja e ação missionária, social e educacional.
Uma outra proposta dos jornais evangélicos é a integração. Quando o Brasil passou a ser um Estado laico, consolidando, assim, a liberdade religiosa, as igrejas protestantes aceleraram sua expansão por todo o território nacional. O jornal passou a ser, então, uma excelente oportunidade de informar as congregações espalhadas sobre as ações da denominação a que pertenciam. De acordo com Othon Ávila, esse foi um dos objetivos do Jornal Batista. “O jornal nasceu com o propósito de unir e fortalecer a denominação. Ele cumpriu e está cumprindo essa proposta”, afirma Ávila, que foi secretário de redação do jornal por 18 anos.
Conhecido como “o evangelista silencioso”, o Mensageiro da Paz tentou fazer um jornalismo menos oficial no fim dos anos 1970 e início dos 1980, quando se tornou o primeiro jornal evangélico brasileiro a ser vendido em bancas. “Obviamente que, nesse período, 40% do jornal era de reportagens de interesse geral. Era necessário, para que chamasse a atenção nas bancas”, afirma o editor Silas Daniel. Hoje o periódico é distribuído nas lojas CPAD (Casa Publicadora das Assembléias de Deus) no Brasil, Estados Unidos e Europa e pelo sistema de cotas nas igrejas. “Atualmente, como órgão oficial das Assembléias de Deus no Brasil, 80% de suas reportagens dizem respeito a eventos da denominação. Mas sempre há espaço para reportagens de destaque que são de interesse geral”, acrescenta Daniel.

Vencendo barreiras
Ao longo de seu desenvolvimento, o jornalismo evangélico impresso venceu grandes desafios. Um deles foi a perseguição. Othon Ávila afirma que as trocas de nome pelas quais passou o jornal Echos da Verdade, por exemplo, foram provavelmente motivadas pelas perseguições religiosas e iniciativas do clero contra a imprensa evangélica. Embora sempre mantivesse uma linha editorial confessional, o Jornal Batista tentou buscar novas discussões na década de 1960. Foram publicadas algumas reportagens sobre as reformas de base de João Goulart, reforma agrária e outras de cunho mais social. “Mas, com a revolução de 64, houve muita perseguição. Então, o caminho adotado foi evitar os confrontos”, adiciona Ávila.
Outro período difícil foi o da Era Vargas. O Mensageiro da Paz é o único jornal, dos que foram confiscados pela ditadura de Getúlio Vargas, que continuou existindo, o que pode ser comprovado pelo livro A imprensa confiscada pelo Deops. O episódio foi desencadeado por um artigo escrito pelo missionário Samuel Hedlund, em 1934, criticando a tortura. Ele se referia às práticas na Rússia, pelos comunistas, mas como no Brasil isso também era feito, o texto foi entendido como uma indireta ao governo Vargas. O missionário Hedlund foi fichado, e aquela edição, confiscada.
Mas é claro que nesse período, jornais e revistas que já não existem mais também fizeram história. É o caso da revista Juventude Batista, que tinha uma visão menos educacional, e mais jornalística, lembra o jornalista, pastor e reitor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Israel Belo de Azevedo. Ele lembra ainda o periódico Diretriz Evangélica, um trabalho mais voltado para o campo das idéias, com uma linha editorial socialista. “Penso que esses foram veículos que estiveram à frente de seu tempo e por isso duraram tão pouco”, conclui Azevedo. Na década de 30, os presbiterianos também lançaram a revista Fé e Vida, que pretendia evangelizar a elite brasileira. De acordo com o reverendo Enos Moura ela foi um excelente órgão de pesquisa, pois consistia em uma reunião de artigos escritos por conceituados escritores evangélicos. A revista era produzida pelo Instituto de Cultura Religiosa, e seu editor foi Miguel Riso.

Imprensa oficial
Na opinião de Israel Belo de Azevedo, cuja tese – A palavra marcada – menciona o Jornal Batista, não é possível, de fato, se fazer jornalismo sendo órgão oficial. A razão é simples: o público de determinada denominação é resistente a artigos e opiniões que destoem da doutrina que abraçou. A outra grande dificuldade, defende ele, é a inexistência da idéia de reportagem, nesse período inicial. “Eles acabam sendo um jornal sem a alma do jornalismo, que é a reportagem. Não há essa idéia, são jornais de colaboradores”, define Azevedo.
Percival de Souza, há 42 anos no jornalismo, lembra que jornalista tem de contar informando quem fez o que, quando, onde e como. Para ele, o jornalismo setorizado, caso do evangélico, deve ter personagens, histórias, reconstituições de episódios marcantes, boas fotografias. “Desse modo você exorta, estimula. Somos essencialmente contadores de histórias e testemunhas da História. Uma ótima pregação pode ser feita, por exemplo, de forma indireta por meio de uma boa reportagem sobre um exemplo de vida”, pondera Souza.
Ele acrescenta que o jornalismo é uma prática que se ajusta às necessidades da sociedade. Seu padrão técnico deve ser o mesmo do secular, em termos de texto, diagramação e apresentação agradável, além das técnicas indispensáveis – captar notícias e transmiti-las num formato interessante. “A missão do Senhor é tão grande que não pode ficar restrita a pessoas que exercem determinadas funções dentro de uma igreja. É necessário saber contar, analisar, interpretar, escapando da gaiola moralista e simplória, terrível e inadmissível para um jornalista”, adiciona Percival de Souza, enfatizando que jornalista não produz fatos, divulga-os.

Em busca de identidade
Prestes a publicar A mídia presbiteriana no Brasil, sua dissertação de mestrado pela Unicamp, a historiadora Karina Bellotti afirma que se tornou uma apaixonada pela relação da Igreja Evangélica com a mídia. Agora no doutorado, sua linha de pesquisa mostra de que maneira um veículo é usado na construção e na comunicação da identidade de uma comunidade religiosa. “Quando comecei a pesquisa não tinha a idéia de comprovar se uma determinada igreja usava a mídia para arrebanhar mais fiéis”, diz Karina. Na opinião dela, a comunicação, portanto, não seria somente fazer propaganda no sentido mais simplista, mas um espaço de divulgação de identidade. “No caso da nossa sociedade, há uma forte identidade católica, espírita, afro-descendente. Os protestantes vêem na mídia uma forma de falar quem são”, afirma a pesquisadora.
Ela diz ainda que existe uma grande preocupação em instruir os fiéis que já estão na igreja. No caso do Brasil, exemplifica Karina, isso é muito forte, pois a maioria dos que professam essa fé não veio de um lar evangélico; essas pessoas estão aprendendo a ser evangélicas. Os caminhos que foram abertos ainda no século 19 para a atividade jornalística no segmento evangélico deram frutos e mostraram ser possível investir na comunicação – um dos fundamentos da propagação do evangelho –, utilizando-se de novas ferramentas. Na próxima edição, Enfoque vai falar da produção jornalística evangélica depois da década de 1960 e de como isso vem afetando e influenciando o desenvolvimento da comunidade cristã.
fonte enfoque gospel